domingo, 19 de abril de 2015

Sobre o teatro musical e as oportunidades




É verdade que desde 2001, com a estreia de "Os Miseráveis" no Teatro Abril, os produtores anunciaram uma nova era para o gênero no país. O espetáculo grandioso, o elenco de ponta e os investimentos milionários foram decisivos para os casos de sucesso de bilheteria e crítica. É verdade também que de lá pra cá muita coisa aconteceu. Foram dezenas, centenas de musicais estreando, principalmente, no eixo Rio-São Paulo. Time For Fun se consolidou como produtora especializada em musicais outdoors, de alta rentabilidade e com conteúdo voltado para família; Charles Moeller & Claudio Botelho continuaram a surpreender com produções inovadoras, algumas autorais como é o caso do excelente "7-O Musical"; José Possi Neto, Jorge Takla, Miguel Falabella e Tadeu Aguiar nos presentearam com versões incríveis que, se individualizadas, dariam um texto cada uma. Cleto Baccic em parceria com o Sesi SP fez o que ninguém achava ser possível fazer: peças de excelente qualidade técnica e narrativa, aliadas a um projeto educacional em teatro musical de padrões internacionalmente reconhecidos e tudo isso de forma gratuita. Arriscaria dizer que essa última talvez tenha sido a maior realização de uma década gloriosa para produtores, atores, músicos, espectadores, enfim, para todos aqueles que de alguma forma se beneficiaram da ascensão meteórica do gênero. 

No meio de toda essa história, chegaram com força os chamados "musicais biográficos". João Fonseca foi, claramente, o nome de maior destaque nesse período, responsável por duas produções de grande sucesso, tais como as que traziam as trajetórias de Tim Maia, protagonizado pelo incrível Tiago Abravanel e Cazuza, interpretado por Emílio Dantas. Na mesma onda vimos Laila Garin ser premiada por sua atuação arrebatadora de Elis Regina. Esses são, sem dúvida, bons exemplos de produções do tipo. Imersas na lógica do entretenimento não seria, obviamente, de se duvidar que essas mesmas produções serviriam de modelos para outras que, muitas vezes, não estão muito preocupadas e compromissadas com o gênero em si, mas muito mais com a bilheteria. É essa a parte que me preocupa. 

Este texto foge de uma observação distante, ou alguma tentativa padronizada de análise crítica como os que já fiz por aqui. É um relato de fã, de uma paixão que se desenvolveu ao longo de anos e que, como alguns dos que estão lendo provavelmente saibam, é um tanto viciante. Para todo apaixonado, a decepção é dolorosa, às vezes sofre-se calado, mas escrevo na esperança de que existam outras pessoas que pensem como eu. Então vamos ao ponto central. 

Entendo com clareza a contribuição que os musicais biográficos trazem ao cenário cultural brasileiro, são mais pessoas na plateia, mais atores empregados, mais músicos com possibilidade de exercer, de fato, suas profissões, mais, mais, mais. Notemos que em nenhum momento mencionei "melhor". Teatro Musical não pode, porém, ser enxergado como uma simples oportunidade de patrocínios milionários, de alta rentabilidade de bilheteria, pior do que isso, não pode ser enxergado de forma tão imediatista. De nada adianta mais pessoas nas plateias, mais atores e músicos empregados, se essa pode ser tornar uma estratégia não sustentável. Temo por um processo canibalístico, onde a sede pelo lucro e pelo oportunismo se traduza na desvalorização do gênero, na redução de sua importância como atividade artística, contestadora de padrões, permeada pelo uso de novas estéticas e de novas linguagens teatrais. 

Para críticos ortodoxos do teatro brasileiro, os musicais geralmente são reduzidos a puro entretenimento norte-americano capitalista, à ausência de narrativa e aos enredos de contribuição social ínfima. É fácil lembrá-los, porém, que há inúmeros espetáculos que fogem desses esteriótipos. Quase Normal, O Despertar da Primavera, Jesus Cristo Superstar, Homem de La Mancha, são bons exemplos contrários a esse julgamento. Entretanto, me vejo obrigado a concordar com tais críticos quando me deparo com espetáculos que mais parecem shows com uma pitada de história para justificar sua existência enquanto dramaturgia do que o entendimento e exercício da linguagem do teatro musical, que é rica e extremamente complexa. Me entristece quando estou nessa situação, me entristece saber que quem lutou tanto pelo reconhecimento do gênero no Brasil agora também é obrigado a concordar com isso. 

Não citarei nomes específicos, diretores, peças ou qualquer coisa do tipo. Caberá a cada um de nós identificar quando isso se aplica ou não. Deixo aqui um relato, talvez irrelevante aos olhos de quem produz, de quem está a frente desses "novos negócios". Teatro Musical é sim entretenimento, , é claramente um mercado com todas as suas potencialidades de exploração, mas antes de tudo é arte e como todas elas exige responsabilidade, carinho e comprometimento. O meu pedido é pela não banalização, pela busca da essência, pela música com função cênica, por um show sim, mas por um show com significados e que encante e transforme aquele que se senta numa plateia em assentos que, raras exceções, custam mais do que em qualquer outra vertente do teatro.  É um pedido por mais 10, 20, 30, 40 anos e não por mais hiatos pós-saturação como os que antecederam os anos 2000.

É um pedido por mais oportunidades e por menos oportunismos!




segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Alô, Dolly chega a São Paulo!



Aconteceu, hoje (25), em São Paulo, a Coletiva de Imprensa do musical Alô, Dolly estrelado por Miguel Falabella e Marília Pêra. Em um bate-papo descontraído e convidativo os atores falaram sobre as expectativas para a temporada paulista além de outros projetos na televisão e no teatro. 

Após uma bem-sucedida temporada carioca, o musical tem estreia marcada para o próximo dia 02, no Teatro Bradesco. Não é a primeira vez que uma produção assinada por Miguel passa por esse palco, Hairspray e A Gaiola das Loucas também fizeram suas apresentações no luxuoso teatro do Shopping Bourbon.



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Muito atenciosos, os protagonistas conversaram com os jornalistas sobre diversos temas, como por exemplo, a dobradinha teatro-televisão vivida pelos dois. Além de estarem em cartaz nos palcos também participam juntos do recém estreado Pé na Cova, exibido às quintas-feiras pela Rede Globo. 


Miguel falou também sobre o possível encerramento da carreira na televisão e sobre a montagem de Annie, musical que virá ao Brasil pelas mãos do ator e diretor.

Questionado sobre a escassez de bons musicais nacionais, Miguel citou a dificuldade de patrocínio como a causa principal para que tal fato aconteça. Segundo ele, é difícil encontrar parceiros dispostos a bancar os custos de espetáculos que não carregam a grife broadway. Citando Nelson Rodrigues e fazendo alusões ao Complexo de vira-lata, Miguel explicou que o público prefere montagens estrangeiras. Marília concordou reforçando sobre o pouco espaço que o cinema nacional ainda possui.

A agenda cheia dos atores fez com que a Coletiva não durasse muito tempo. Com a chegada da temporada paulista de Alô Dolly a vida ficará ainda mais corrida. De segunda a quarta ocorrem as gravações de Pé na Cova e de quinta a domingo as apresentações do musical. Haja fôlego!


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SERVIÇO


Teatro Bradesco
Bourbon Shopping São Paulo – Rua Turiassu, 2.100 – 3º piso – Pompéia 
Quinta às 21h 
Sexta às 21h30 
Sábado às 18h e 21h30 
Domingo, às 18h
Ingressos: de R$ 20 a R$ 200
Vendas: Clique Aqui! 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

"A Família Addams" prorroga temporada e confirma apresentações no Rio de Janeiro


Em temporada desde março no Teatro Abril – futuro Teatro Renault – o musical A Família Addams acaba de prorrogar sua temporada somente até 16 de dezembro. Sucesso arrebatador, a megaprodução segue embalada pelos mais de 250 mil ingressos vendidos em mais de 200 sessões. Depois de São Paulo, o espetáculo segue para o Rio de Janeiro, com estreia marcada para 10 de janeiro, no Vivo Rio.  

 “A Família Addams” apresenta uma estória original que é o pesadelo de todos os pais. Wandinha Addams, a última princesa das trevas, cresceu e apaixonou-se por um doce e esperto jovem de uma família respeitável. Um homem que seus pais nunca conheceram. E como se isso já não fosse preocupante o bastante, ela confidencia ao seu pai e implora para que ele não conte a sua mãe. Agora, Gomez Addams precisa fazer algo que nunca fez – guardar um segredo de sua amada esposa, Morticia. Tudo vai mudar para toda família na fatídica noite em que eles oferecem um jantar para o namorado “normal” de Wandinha e seus pais.


A FAMÍLIA ADDAMS


Teatro Abril (futuro Teatro Renault) – São Paulo (SP)
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 – Bela Vista.
Dias e Horários: Quintas e Sextas, às 21h; Sábados às 17h e 21h; Domingos, às 16h e 20h.
Capacidade: 1.530 lugares.
Ingressos: de R$70 a R$250 (todos os setores contam com meia-entrada)
Acesse: www.afamiliaaddams.com.br

sábado, 22 de setembro de 2012

Um novo Protocolado vem aí !

Após pouco mais de dois anos no ar e 30 mil acessos mensais, o Blog Protocolado passará por uma total reestruturação. A ideia é expandir a área de atuação e oferecer ao nosso público um site único, com diversos conteúdos inovadores.

Bom, mas para que isto ocorra precisamos de pessoas e de muito trabalho. Se você gosta de escrever, tem vontade de mostrar ao grande público a sua opinião sobre vários temas: Chegou a sua hora!  


Estamos selecionando redatores *  nas seguintes categorias: 

  • Teatro
  • Teatro Musical
  • Cinema 
  • Música
  • Televisão
  • Séries
  • Saúde & Beleza
  • Moda
  • Gastronomia 
  • Viagem & Turismo


 Seleção: 

Se você tem interesse em ocupar algum desses "cargos", mande um e-mail para blogprotocolado@gmail.com com o formulário abaixo.

1 . A Categoria em que deseja escrever.
2 . Dados Básicos (Nome, e-mail)
3 . Um texto relatando o seus interesses e expectativas sobre o "cargo"
4 . Uma resenha sobre algo relativo ao assunto escolhido

    Ex: Caso você tenha escolhido a categoria Televisão, escreva uma resenha sobre algum programa, novela, etc. 

As chamadas serão feitas por e-mail e gradativamente. 

Venha para o Protocolado ! 


* A atuação no Blog é voluntária, podendo ser remunerada futuramente.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Produção de Fame faz humorístico sobre gordinhos

Fome - O Musical é o título do humorístico protagonizado por Cidália Castro e Vânia Canto, ambas integrantes do elenco de Fame. 

Abordando de forma humorada a vida dos gordinhos, o musical totalmente "virtual" faz uma reflexão muito relevante ao mundo que envole o teatro musical. E os gordinhos, onde ficam? 

No Twitter, Ben Ludmer, ator de musicais e gordinho, dizia que profissionais como ele mereciam espetáculos próprios e brincou citando os possíveis títulos:  Fats, A Roliça Rebelde, My Fat Lady, A Pequena Baleia e até Um Nutricionista No Telhado  

Vale a pena conferir:

PARTE 1




PARTE 2


domingo, 19 de agosto de 2012

New York, New York faz reestreia triunfante


Após 3 meses de temporada no Teatro Bradesco e pouco mais de um ano fora dos palcos, New York New York volta a São Paulo com elenco vitaminado e narrativa bem mais dinâmica. 

Em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso com ingressos a R$ 40,00 a nova versão surpreende por seu dinamismo e atuações que superam as apresentadas no ano passado.

As alterações feitas pelo diretor José Possi Neto funcionaram muito bem e fizeram com que a história ganhasse agilidade e eficiência. O texto leve, típico das comédias românticas, garante ainda mais fluidez ao espetáculo. Além disso, o palco menor do novo teatro ajuda na compactação do espaço cênico, ocupado de forma homogênea torna-se elemento fundamental na construção do aparato cenográfico. 

A grande produção que envolve cenários, projeções e figurinos belíssimos servem de suporte ao novo time de atores e bailarinos que brilham em seus respectivos papéis. 

Juliana Peppi, Jeniffer Nascimento e Mamá Trindade são nomes a serem guardados. Juliana, que interpretou Dionne na temporada paulista de Hair é quem se destaca mais em seu momento solo.

Beatriz Lucci é a chave cômica do espetáculo. Revezando-se entre vários personagens e figurinos, a atriz arranca boas risadas da plateia. Christiane Matallo protagoniza grandes cenas de sapateado, entras elas, o brilhante barulho do trem executado por meio desta modalidade de dança. 

A participação de Julianne Daud no papel de Carmen Miranda faz ponte entre a plateia brasileira e a história. Interpretando novas músicas como um medley de "Chica Chica Boom Chic" e "O Que Que a Baiana Tem" a cantora faz uma breve, mas belíssima passagem pela narrativa. 

Chegamos aos protagonistas. Juan Alba, estreante em musicais, se saí muito bem na pele de Johnny Boyle. Ótimo ator e cantor, Juan surpreende e é, sem dúvida, um dos novos grandes  nomes do teatro musical. 

Kiara Sasso. O que dizer de uma artista que traz em seu currículo os maiores papéis femininos da história dos musicais? Ela brilha novamente. É diferente observar a atriz nesse papel. Francine não é uma mocinha comum, carrega consigo um aspecto soberano, típico de mulheres fortes. É ela quem conduz o seu parceiro, quem sustenta a casa, enfim, uma mulher madura. Mesmo em Mamma Mia!, onde isso também acontecia, a interpretação de Kiara não se fez tão eficiente quanto agora. Conseguimos enxergar a tal mulher forte que alcança o estrelato por seu próprio suor com facilidade. Canções como The Man I Love  e claro, New York New York marcam seus grandes momentos. Pode parecer exagero, mas é curioso como Kiara realiza tantos trabalhos com tanta eficiência. É uma máquina de musicais! Bom, chega né? Vou deixar que vocês tirem suas próprias conclusões. Vejam o vídeo com créditos ao site Cena Musical onde se registra a música tema:



New York New York faz apresentações com preços populares em curtíssima temporada, somente até 07 de Outubro, no Teatro Sérgio Cardoso. Os ingressos estão se esgotando rapidamente, portanto, é bom correr. 

Bom Show!


SERVIÇO

Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Vendas - 4003-1212 
www.ingressorapido.com.br
Quintas e Sextas - 21h30
Sábados - 17h00 & 21h00
Domingos - 16h00