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Desde o fim da temporada carioca do musical, muito se falou sobre Hair. A escolha do novo elenco ou até mesmo a localização do teatro renderam longas e infundadas discussões. Claro que essa reação já era esperada, São Paulo aguardava a tão premiada versão com os atores que a fizeram. Como acreditar em um time novo de atores, quase todos desconhecidos? Charles Möeller & Claudio Botelho mais uma vez acertaram e impressionaram.
Aconteceu ontem, no Teatro Frei Caneca, a pré-estreia de Hair. Na plateia, olhares atentos, curiosos. No palco, novos rostos com os mesmos talentos: cantar, atuar, dançar e encantar. O elenco da temporada paulista realmente surpreendeu.
Ao contrário do que acontece em vários outros espetáculos do gênero, em Hair a tarefa de destacar um ator/atriz dentre os outros não é tão fácil. Nada funciona sozinho, o musical só ganha força quando todos estão juntos, a tribo é o que move a história e também o que da força na transmissão fiel da ideologia hippie.
Mesmo que com dificuldade, citarei alguns nomes que, pessoalmente, me chamaram mais a atenção, mas repito, TODOS são impressionantes. Começando por um dos papéis mais esperados, no Rio a cargo de Karin Hills, Dionne destaca-se por si só. Juliana Peppi executou com maestria as músicas mais conhecidas do musical, "Aquarius" e "Let the sunshine in". Que voz! Hugo Bonemer e Fernando Rocha são ótimos. Encarar o estilo confuso de Claude e o estilo safado de Berger deve ter exigido um trabalho cênico delicado que foi perfeitamente executado.
Difícil mesmo é sair do teatro e não lembrar do "Frank Mills" de Estrela Blanco, uma voz invejável e uma doçura que torna esta música um dos grandes momentos de Hair. Foi uma surpresa muito agradável e quase indiscritível, ela é demais. Alô, vento de Amônia... impossível não notar Kiara Sasso, Jeanie ganhou com ela uma versão muito mais alucinada. "Air" marca com certeza o ponto alto da atriz no musical. É realmente impressionante a humildade e competência com que Kiara encarou o papel, não é protagonista, não tem muitas músicas etc, mas com certeza ela transformou os seus pequenos em grandes momentos. Lembrando que aqui não cabem comparações, Leticia Colin foi genial assim como Kiara.
Da tribo cito Cássia Raquel, Kotoe Karasawa e Jennifer Nascimento. As três com vozes incríveis!
Charles Möeller & Claudio Botelho são de outro mundo. Os pontos criticados pela ideologia hippie continuam tão presentes, a guerra, o ódio e a violência já fizeram parte do cotidiano de boa parte da população que vive, infelizmente, atordoada por tais fantasmas. Hair não é de 1968, é de 2012, é do dia que o mundo acabar. Um estrondo, o grito de protesto continua vivo. A incitação ao desejo, ao prazer é como falar na cara da plateia: Vocês amam isso, mas não tem coragem de assumir. Hair é um arrancar de máscaras.
A cena de nudez, trazida com tanta delicadeza, com tanto trabalho, me faz crer que não há uma dupla de diretores tão competente no Brasil e quem sabe no mundo. São fantásticos e teatrais, coisa que anda faltando nas produções de alguns musicais exclusivamente comerciais.
Hair estreia hoje e fica em cartaz até 29 de Abril. Quem for, por favor não deixe de subir ao palco, curta cada segundo ao lado dos atores e parabenize-os. São Paulo, deixe o sol entrar!
SERVIÇO:
Teatro Frei Caneca
Rua Frei Caneca, 569 - Shopping Frei
Caneca, 6º andar
Tel: (11) 3472-2226 / 2229-2230
Quintas, às 21h. Sextas, às 21h30.
Sábados, às 18h e 21h30. Domingos, às 18h.
Ingressos: R$130 (qui / sex) e R$ 160
(sáb / dom).
Duração
do espetáculo: 130 minutos (com
intervalo de 15 minutos)
Classificação
etária: 14 anos